domingo, 6 de fevereiro de 2011

Desenhos ganham vida depois de 3800 anos



O idioma falado no Egito antigo bem como muito da cultura antiga se apagou como uma vela soprada pelo vento para nunca mais ser lembrada? Talvez não.

A ignorância e a intolerância foram as responsáveis por estas perdas. Hoje podemos ter um pouco desse brilho graças bravos homens que arriscaram suas vidas para salvar um livro ou simplesmente um texto.

O idioma falado e escrito atualmente no Egito é o árabe egípcio. No entanto, um pequeno grupo de cristãos ortodoxos ainda preserva muito da forma original do idioma egípcio que chega ate os nossos dias sob a forma do idioma Copto. So que o Copto não é o idioma original.

Esta importante peça que não encontramos no quebra-cabeças da historia da nossa civilização foi tratada de forma muito interessante no lindo trabalho “Cosmos”.

Ainda me lembro dos domingos de manha no inicio dos anos 80, quando a Rede Globo levava ao ar a série Cosmos, produzida originalmente pela KCET e Carl Sagan Productions, em associação com a BBC e a Polytel International, veiculada nos Estados Unidos pela PBS. Carl Sagan e Ann Druyan, sua esposa, se envolveram neste trabalho de corpo e alma.

Quem apresentava o programa era o próprio Carl Sagan. Sem duvida ele foi um dos melhores professores que já tive, não que eu tenha tido aulas com ele pessoalmente, mas a forma que ele explicava fazendo uso de recursos de computação gráfica que ainda hoje são atuais, era incrível.

No episodio As margens do oceano cósmico "The shores of the cosmic ocean" Sagan conta a historia de como Eratostenes (Ερατοσθένης nasceu em Cirene, Grécia no ano de 285 - 194 a.C. ) que com ferramentas simples como sombras de colunas, sombras num poço a 800 metros dali e de sua brilhante mente, consegui não só afirmar que a terá era redonda, mas também dizer que a circunferência da terra era de aproximadamente 40.000 km (erro de aproximadamente 1%). Tivemos que esperar 2700 anos para que Fernão de Magalhães comprovasse essa teoria com a sua viagem de circunavegação no globo terrestre.

Assim como Eratostens, outros sábios da antiguidade fizeram descobertas incríveis que infelizmente se perderam no tempo. Todo este material estava na antiga biblioteca de Alexandria, um ambiente de trabalho para os melhores cérebros da época.

As instalações de Alexandria contavam com dez salas gigantescas, jardins botânicos, um zoológico privado, salas de dissecação, etc.

Cada barco que passava pelo proto de Alexandria era parado pelas autoridades que recolhiam todos os livros. Estes eram transcritos e então devolvidos.

A biblioteca contava ainda com volumes de Eron e suas incríveis maquinas a vapor, Herófilo e suas convicções sobre o cérebro e não o coração ser a sede da inteligência, inúmeros livros de Sófocles, dos quais só nos chega hoje um pequeno conto chamado “Edipo Rei”.

Podemos comparar a perda dos livros de Sófocles como se não conhecêssemos todo o material produzido por Shakespeare, sobrando apenas pequenos contos como por exemplo o “The Winter's Tale”.

A própria cidade de Alexandria foi na época a maior cidade que já existiu, foi lá provavelmente que a palavra cosmopolita surgiu.

A trágica historia da biblioteca se mistura com a da ultima cientista que lá trabalhou - Hipacia, (Υπατία - Alexandria 370 d.C.) recentemente retratada por Rachel Weisz no incrível filme de Alejandro Amenábar “Agora”.

Sagan conta como esta Astrônoma, inventora e matemática foi covardemente esfolada até os ossos com conchas de Abalone, morta e a biblioteca destruída, em nome da antiga luta entre ciência e religião, por uma turba de fanáticos paroquianos em nome de Cirilo, patriarca de Alexandria, mais tarde canonizado como São Cirilo (o filme não passou no Brasil possivelmente por ter encontrado dificuldades com a igreja católica).

Porem assim como os antigos faraós embalsamados a espera de renascer na vida eterna os antigos hieróglifos ganham vida.

Encontrei recentemente um material muito legal colocado no Youtube por Neftis888 que chega a ser assustador.

Apesar de não sabermos exatamente como era o som do idioma Egípcio antigo conhecemos as consoantes que compunham as palavras graças aos novos trabalhos de arqueólogos e lingüistas. O que vemos a seguir trata-se dos primeiros capítulos da história de Sinuhe. A transliteração toda segue o trabalho realizado por Hannig em1995. Para traduções publicadas, ver Gardiner (1916), pp 168-176; Lichtheim (1975), pp 222-235;

A História de Sinuhe se passa durante o reinado do rei Amenemhat III, em aproximadamente 1800 antes de Cristo e trata dos dilemas pessoais de um alto funcionário que ao saber de uma trama contra o rei decide fugir. O trabalho descreve em detalhes as emoções humanas e seus desfechos, chegou mesmo a ser comparado com Shakespeare em sua complexidade.

Agora ouça e leia uma historia em seu próprio idioma que ficou morta por mais de 3700 anos e voltou viver graças a linda ciência da Psico-Pictografia.


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