quinta-feira, 23 de agosto de 2007

Minha Pictografia




Segundo minha mãe, aprendi a desenhar com a mesma idade que aprendi a falar e aos 2 anos e meio já desenhava muito melhor do que falava.

Essa habilidade para me expressar com uma ferramenta alternativa me ajudou muito nos anos que seguiram, muitas vezes usei meu talento para artes plásticas para vender bastões de giz esculpido para meus vizinhos, desenhava mapas para meus amigos nas aulas de geografia em troca de lanche ou outros favores, e até mesmo para impressionar meninas que gostava.

Aos 27 anos, no Início de 1993, estava trabalhando no Banco Noroeste, hoje adquirido pelo Banco Santander, e estava planejando a mudança para o Banco Norchem, associação do Chemical Bank, hoje J.P.Morgan com o Banco Noroeste.

Aquela mudança significava muito para mim, estava para me casar, mudar para um novo apartamento, portanto assumindo novas responsabilidades. Alem do melhor salário, o Banco Norchem oferecia muitos benefícios, era um dos poucos bancos que atualizava o salário de seus funcionários em função da variação do dólar.

Sabia também que apenas 5 funcionários conseguiram fazer essa transição, e de todas as dificuldades envolvidas, pois quando Norchem foi fundado da associação do Noroeste com o Chemical, apenas os melhores funcionários foram aproveitados, enquanto que os que permaneceram no Noroeste eram tidos como profissionais de segunda linha.

Isso fazia com que os funcionários do Noroeste sofressem de baixa estima, e diversas vezes fui aconselhado pelos mesmos a não tentar. Foi nessa ocasião que resolvi associar meu talento para desenhos para aumentar meu foco na realização desse objetivo, de uma forma puramente instintiva.

Eu costumava a anotar meus objetivos em uma agenda, e certa vez ao abrir a agenda na data em que escrevi sobre a mudança, vi alguns desenhos que havia feito naquela data, e logo veio um sentimento de incerteza e medo.

Percebi imediatamente que esses sentimentos me atrapalhariam a atingir meu objetivo, então, como se fosse uma forma de defesa, desenhei um samurai com uma expressão forte no rosto empunhando uma espada em posição de ataque logo acima dos rabiscos.

Logo minha agenda estaria repleta de desenhos que me incentivavam a atingir meu objetivo.

Aqueles desenhos não só me lembravam dos meus medos interiores, como também, da vontade que tinha de vence-los.

Ao ser entrevistado pela equipe de recrutamento e seleção do Norchem, percebi o quanto realmente esse estigma de ser funcionário do Noroeste me atrapalhava, mas mesmo assim, minha examinadora ficou impressionada com a minha personalidade forte, e identificou que eu era o que uma empresa forte ágil e dinâmica como o Norchem precisava como funcionário.

Foi então que no dia 06 de dezembro de 1993 fui admitido, estava muito contente por vencer uma etapa importante na minha vida, mas meus problemas estavam apenas começando.

Eu era rotulado como ex-Noroeste, e isso fazia com que meu melhor trabalho parecesse insuficiente, e meus erros como os maiores erros do mundo.

Mais uma vez eu estava com a auto-estima avariada, e mais uma vez eu recorri à interpretação e cura dos meus desenhos, fiquei impressionado como isso que eu havia acabado de descobrir me ajudara, mas descobri também que o único a usar desse recurso.

Ao final de 2 anos trabalhando no Norchem, tinha diversos cadernos como desenhos mágicos, conquistei o respeito e a admiração dos funcionários, meus amigos do Norchem, um deles me apelidou de “duro na queda”, pela forma que me sai bem de uma armação feita pela minha gerente para me desmoralizar frente ao departamento de RH. Tive diversos aumentos, e por fim recebi uma oferta para trabalhar como Gerente Geral de uma Importadora em reconhecimento pelo ótimo trabalho que fiz no Norchem.

Desde então venho aplicando esse método que surgiu de uma pressão e de um estresse muito grande como defesa e ataque em todos os campos de minha vida.

Após anos trabalhando na área de negócios internacionais, criei uma empresa que tinha como objetivo a introdução de produtos com dificuldades no mercado brasileiro.

Um dos meus clientes era Udo Holler, que trouxera da Áustria a bebida energética “Flash Power”. Como não havia uma regulamentação no Ministério da Saúde, trabalhávamos com liminares, quando estas eram caçadas, ficávamos até três meses sem vender.

Udo estava quase desistindo de ficar no país, quando sugeri um quadro que dei de presente a ele.

Nesse quadro utilizei cores prosperas como o vermelho, preto, e o dourado, e pedi a ele que mentalizasse vitória cada vez que visse aquele quadro.

O tipo de mentalização que ele fez, e as emoções envolvidas, são coisas que somente ele pode saber, o fato é que a partir de então sua postura mudou, estava mais confiante para falar com advogados, e as liminares pareciam ficar prontas no mesmo dia em que ele as pedia, até o dia em que o Ministério da Saúde liberou definitivamente a bebida energética.

Udo ficou tão contente com o resultado que chegou a atribuir poderes mágicos ao quadro, mas o fato é que esse quadro ajudou a ter seu foco muito mais direcionado, e em situações em que ele hesitaria, passou a não mais hesitar.

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